Café Gesha: saiba tudo sobre esse café especial

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Se está procurando mais informações sobre o Café Gesha, veio ao lugar certo.

Fizemos uma grande pesquisa na internet para trazer o máximo de informações sobre essa espécie de café que se tornou o xodó dos baristas e amantes de café no mundo todo.

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Origem da espécie e do nome Gesha

De acordo com o histórico levantado pela nossa pesquisa, a espécie é originária da floresta de café de Gori Gesha, localizada em uma área conhecida como Bench Maji, na Etiópia. 

Uma floresta selvagem, densa e maravilhosa próxima à fronteira do Sudão do Sul.

Ah vale lembrar que também foi na Etiópia que os primeiros grãos de café foram descobertos, trazendo ao mundo a espécie Coffea arabica, a mais apreciada atualmente pelos amantes do café. 

Para saber mais sobre a origem do café, acesse o nosso texto Sobre o café.

E o café Gesha também faz da espécie Coffea arabica.

A floresta foi quem emprestou a essa variedade de café o nome Gesha, que também é conhecido como Geisha.

Segundo os estudos, os primeiros pés desse café, que atualmente é cobiçado e apreciado no mundo todo, foram encontrados em 1930.

Antes de abordar como esse café veio parar na América Latina, vamos contar um pouco sobre a história da Vila de Geisha, área dedicada à plantação e comercialização desse grão.

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Gesha Village ou Vila de Gesha

O casal Rachel Samuel e Adam Overton estavam na Etiópia em 2007 produzindo um documentário sobre o café produzido naquele país.

Apaixonados pela cultura, população e, claro, pelo café produzido no país africano, acabaram conhecendo Willem Boot, um especialista em café, com vasto conhecimento sobre o café Gesha.

Esse contato despertou nos dois o desejo de cultivar esse tipo de grão.

Em 2011, retornaram para a área de Bench Maji, onde encontraram o local perfeito para criarem a própria fazenda de café.

Foi nesse local que fundaram a Gesha Village ou Vila de Gesha.

A fazenda fica localizada em uma região entre 1.900 a 2.000 metros de altitude, com chuvas abundantes e temperaturas mais amenas em relação ao restante do continente.

Os pés de cafés cultivados na fazenda foram colhidos da floresta e plantados em harmonia com a vegetação local. 

Atualmente, são produzidas duas variedades da espécie: Gesha 1931 e Gori Gesha.

Da África para a América Latina

Agora que conhecemos um pouco sobre a origem do grão Gesha, vamos entender como essa espécie foi parar na América Latina.

Originalmente encontrada na Etiópia em 1930, a variedade Gesha foi levada para estudos na estação de pesquisa Lyamungu na Tanzânia, país também localizado no continente africano.

O Centro Agronómico Tropical de Investigación y Enseñanza (CATIE) na América Central também teve interesse em realizar pesquisas com o pé de café, iniciando os estudos em 1953. 

Foi aí que chegou no Panamá, onde sagrou-se como um dos mais apreciados grãos para a produção de uma bebida de alta qualidade.

As primeiras sementes de café Geisha foram plantadas sob a orientação do agrônomo Francisco Serracín.

Também cafeicultor, Francisco também conseguiu produzir o café em sua fazenda Don Pachi em Boquete.

Porém, o caminho para a glória não foi assim tão simples.

O cultivar despertou a atenção dos institutos de pesquisa e dos produtores de café devido à sua resistência à ferrugem do café, doença que ataca os cafeeiros.

Essa resistência natural é muito apreciada pelos cafeicultores, pois diminui a necessidade de uso de agrotóxicos para controlar a doença.

Porém, o cultivar Geisha possui algumas fragilidades como galhos quebradiços, o que prejudica o desenvolvimento dos frutos.

Consequentemente, a plantação de pés de café desse cultivar apresentou baixa produtividade, o que, economicamente, não era viável para os produtores.

Em decorrência disso, muitos produtores desistiram de plantar esse café.

Daniel Peterson de Boquete

Foi então que entrou na história o cafeicultor Daniel Peterson de Boquete, no Panamá.

Boquete é uma pequena cidade panamenha localizada na Cordilheira Central.

É nessa região que a família Peterson possui a fazenda Hacienda Esmeralda de onde sairia a preciosidade em forma de grão.

Ele e sua família apostaram na plantação do café Geisha.

Em 2005, ele inscreveu o seu café no concurso “Best of Panama”, que funciona como um leilão em que os compradores ofertam lances para a compra dos lotes de café.

Para que os compradores saibam o que estão comprando, os cafés que participam dos leilões recebem uma classificação.

E o café geisha da família de Boquete recebeu nota altíssima, quebrando o recorde de preços de leilão de café verde.

Na escala da SCA, Specialty Coffee Association, o café do Peterson alcançou a incrível nota de 94,6.

Naquele concurso, a saca foi vendida por mais de U$20/libra.

Atualmente, o Geisha Panamenho ganhou notoriedade no mundo todo como um café que produz uma bebida com qualidade extremamente alta.

São conhecidos pelos seus aromas delicados de florais, jasmim e pêssego.

E tem sido muito utilizados pelos baristas em concursos ao redor do mundo. 

Grafia Geisha ou Gesha

Ao lermos diferentes textos espalhados pela internet, encontramos o nome desse café escrito de duas maneiras diferentes.

A escrita Geisha ou Gesha são muitas vezes escritas como sinônimos.

No site World Coffee Research encontramos uma boa explicação sobre as origens dos termos.

Segue abaixo uma tradução sobre o assunto:

As grafias Geisha e Gesha são frequentemente usadas de forma intercambiável, relacionadas ao fato de que não há tradução definida dos dialetos da Etiópia para o inglês. O café foi registrado pela primeira vez em registros de germoplasma com a grafia “Geisha”, e pesquisadores de café e bancos de germoplasma mantiveram essa grafia por muitas décadas, levando essa grafia a ser promovida e usada primeiro na indústria do café. O café foi originalmente coletado na Etiópia em uma região próxima a uma montanha cujo nome é mais comumente traduzido em inglês como Gesha. Consequentemente, muitos na indústria do café preferiram resgatar essa grafia.

World Coffee Research

Características da cultivar Geisha

O pé de café Gesha, apesar de sua resistência natural à ferrugem do café, é uma planta complexa de ser cultivada, exigindo cuidados diferenciados por parte dos cafeicultores.

E isso acaba agregando ainda mais valor ao produto final.

Como havíamos mencionado, os galhos são frágeis e, somados a um sistema foliar mais fino, acaba impactando e diminuindo a quantidade de frutos, os famosos cerejas.

Em comparação com outros cultivares de café, o Gesha apresenta uma baixa produtividade, o que economicamente, pode afetar o produtor.

Outra característica importante do cultivar é que ele precisa ser plantado em altas altitudes, assim como era em sua origem na Etiópia.

No Panamá, os cafés Geshas que mais se destacam ficam em altitudes acima de 1.700 metros, exigindo clima e solo específicos.

Após o plantio, o produtor pode ter que esperar até cinco anos para começar a colheita, que deve ser no ponto de maturação correta para que se possa extrair a melhor bebida possível.

Características da bebida produzida pelo café Gesha

A bebida proveniente de um bom grão de café do Gesha é apreciada no mundo todo.

Entre as classificações já recebidas, encontramos doçura, corpo e acidez elevadas.

“É utilizado para produzir uma xícara de café muito aromática e com corpos presentes em níveis elevados, com destaque especial para doçura, acidez e aromas florais. Na xícara, notas de jasmim, bergamota e frutas tropicais e silvestres compõem o sabor do café”.

Guy Carvallho

Por que o café Gesha é tão caro?

O alto valor do café, que atualmente é exportado para o mundo todo em microlotes, deve-se exatamente pelas suas características produtivas.

O pé de café deve ser cultivado em altas altitudes, possui baixa produtividade por pé, a colheita é seletiva e manual, exigindo ainda grandes cuidados no processo de secagem e torrefação.

O fato das cerejas amadurecerem mais lentamente, trás mais complexidades ao fruto, que se reflete nas características únicas da bebida final.

Quais são os principais países produtores?

O Panamá tornou- se a principal referência na produção do café Gesha.

Pelo alto valor alcançado nos microlotes, produtores de vários países da América do Sul também estão produzindo, podendo ser encontrado na Costa Rica, Peru e Bolívia, inclusive no Brasil

Qual o preço do café Gesha

Por ser uma commodity, o preço do café pode variar muito.

Porém, os valores do Gesha, que possui alta pontuação, pode atingir números exorbitantes.

Em média, um quilo de café pode chegar a custar até R$ 500,00.

Geisha no Brasil

O plantio do café Gesha no Brasil ainda é raro.

Isso se deve exatamente à complexidade da planta que citamos acima, além de sua baixa produtividade e tempo de maturação dos frutos chamados cerejas.

Porém, alguns produtores já apostam nesse cultivar como forma de ter um produto diferenciado e de alto valor agregado.

O concurso de café Cup of Excellence de 2018 foi vencido por um café Geisha de um produtor brasileiro. 

Em 2019, esse café alcançou a segunda colocação no mesmo campeonato.

O grão é produzido na Fazenda Primavera, localizada no Município de Argelândia, em Minas Gerais. 

O Cup of Excellence é a principal premiação para avaliação de cafés de alta qualidade no mundo.

A saca de café da Fazenda Primavera, em 2018, alcançou os incríveis R$ 73.000 e uma pontuação de 93,84 na SCA.

Mas, com tanta complexidade, como preparar um café tão especial?

Qual o melhor método de preparo do café Geisha

Essa é uma discussão sem fim, pois cada método tem suas características e extraem diferentes sutilezas do café.

Particularmente, para cafés mais refinados, os métodos coados acabam extraindo mais aromas e sabores.

Mas, também não dispensamos uma boa xícara de café espresso.

Vídeo sobre o Café Geisha

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